Militantes da UNITA e crianças ameaçados no sul de Angola
Nos últimos dias, mais de 70 famílias que
militam na União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior
partido na oposição, foram forçadas a abandonar as suas casas. Dizem que as suas
casas foram saqueadas e destruídas, alegadamente por partidários do Movimento
Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder).
Algumas famílias já começaram a regressar
às suas casas, mas outras continuam refugiadas em zonas montanhosas, onde vivem
ao relento. Outras ainda procuraram abrigo em casa de familiares, noutro
município.
Os prejuízos da violência pós-eleitoral
são incalculáveis. O secretário provincial da UNITA, Alberto Francisco
Ngalanela, diz que pelo menos 50 casas foram destruídas e que os prejuízos
rondam os 400 mil euros.
O deputado da UNITA acusa o governador de
Benguela, Rui Falcão Pinto de Andrade, de pouco ou nada fazer para o
restabelecimento da paz no município.
"Não ouvimos nenhum gesto de repúdio, não
vimos nenhuma ação de um governante, que se preze como tal, como governador, que
pusesse cobro à onda de violência ou uma ação social que fosse para acudir
àquelas populações", critica.
Crianças e ativistas
ameaçados
A situação tem estado a ser acompanhada
pela organização de defesa dos direitos humanos OMUNGA. Segundo o responsável
pela comunicação da ONG, Domingos Miguel, há muitas crianças com medo de ir à
escola por serem filhos de militantes da UNITA."Segundo as crianças, a
professora disse aos alunos que por fazerem parte da UNITA iriam ter uma morte
muito má e outras ameaças. É muito grave uma professora fazer ameaças de mortes
a crianças entre os 12 e 14 anos", sublinha Domingos Miguel.
Devido ao trabalho que têm vindo a
desenvolver, os próprios ativistas da ONG, que tem estatuto de observador da
União Africana, foram igualmente vítimas de ameaças. "A OMUNGA contactou a
administração municipal do Bocoio para procurar esclarecimentos sobre essas
questões e vimos um bloqueio por parte do administrador-adjunto do município,
que incentiva a população a não criar qualquer relação com a OMUNGA, porque
segundo ele é uma instituição financiada pelos Estados Unidos da América, para
inventar informações contra a população", conta.
Segundo Domingos Miguel, um dos seus
colegas da OMUNGA foi ameaçado pelo administrador-adjunto. "Se não saísse
daquele município, usaria as forças policiais para o escorraçar de lá".
A DW África tentou, sem sucesso,
contactar o governador de Benguela, Rui Falcão Pinto de Andrade.
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